Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Cultura Literária no Período Colonial – Professor: Manoel Ricardo de Lima
Aluna: Carolina Vik
Gregório de Matos e sua poesia erótica
“Este se chama
Monarca,
ou Semideus se nomeia,
cujo céu são esperanças,
cujo inferno são ausências.”
ou Semideus se nomeia,
cujo céu são esperanças,
cujo inferno são ausências.”
“E isto é Amor? é um
corno.
Isto é Cupido? má peça.
Aconselho que o não comprem
ainda que lhe achem venda.”
Isto é Cupido? má peça.
Aconselho que o não comprem
ainda que lhe achem venda.”
“Um antídoto, que
mata,
doce veneno, que enleia,
uma discrição, sem siso,
uma loucura discreta.”
doce veneno, que enleia,
uma discrição, sem siso,
uma loucura discreta.”
“Uma prisão toda
livre,
uma liberdade presa,
desvelo com mil descansos,
descanso com mil desvelos.”
uma liberdade presa,
desvelo com mil descansos,
descanso com mil desvelos.”
“É este, o que
chupa, e tira,
vida, saúde e fazenda,
e se hemos falar verdade
é hoje o Amor desta era.
vida, saúde e fazenda,
e se hemos falar verdade
é hoje o Amor desta era.
O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.”
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.”
![]() |
No poema
“Definição do amor – Romance”, Gregório “dessacraliza” o amor, rebaixando, de
certa forma, aquele amor clássico e idealizado ao plano corporal, mesclando
sensualismo e lirismo. Utilizava versos curtos, visando uma aproximação com a
linguagem popular de forma espontânea.
Quando
classificamos esta poesia como lírico-amorosa, relacionamos a ela uma
construção em torno de contradições e pares de opostos, reforçando estas
contradições por meio de figuras de linguagem(paradoxos, aliterações e
assonâncias).
Relacionando a poesia com o erotismo, o poeta
utiliza uma linguagem mais direta e explícita, onde o amor carnal aparece como
forma de libertação do corpo e do indivíduo. Se de um lado existe a obra
satírica de gregório, onde ele critica sem nenhum pudor a sociedade da época,
de outro há uma poesia amorosa e erótica.
Não se
tratava de uma estimulação dos sentidos e sim de um protesto contra o sistema
moral, contra as concepções dominantes e dogmáticas de amor e de sexo e contra
a própria sociedade da época.
No seu momento
mais vulgar, gregório se torna de certa forma cômico, tanto pela variedade de
palavrões quanto pelas descrições desbocadas dos atos e órgãos sexuais em sua
tentativa de descrever o amor. Não apresentando qualquer requinte voluptuoso, tratando o amor físico de forma é agressiva e galhofeira.
Um fato
interessante, é que enquanto a dama pintada por Camões inspira amor por sua
beleza, de ordem ideal, moral, sem que esteja presente a sensualidade, a mulher
na poesia barroca enfatiza os aspectos sensuais, fazendo com que os atributos
tradicionais de beleza (branca, loira, olhos claros) vão sendo substituídos
pelas mulatas e seus cabelos encaracolados. O que podemos relacionar com um
trecho de “Casa grande & Senzala” onde Gilberto Freyre compartilha um ditado corrente no Brasil patriarcal a
respeito das mulheres, onde os homens diziam que “Branca para casar, mulata
para foder e negra para trabalhar”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário