quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Poesia Lírico Romântica de Gregório de Matos

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Escola de Letras
Cultura Literária no Período Colonial
Prof. Manoel Ricardo de Lima
Luana Mendes



Poesia Lírico Romântica de Gregório de Matos



A MESMA D. ÂNGELA


“Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama fluorescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.”



  A poesia lírico-amorosa de Gregório de Matos é fortemente marcada pelo contraste e o choque dos opostos, característica do Barroco. Essa visão dualista aparece na figura da mulher desejada, representando uma espécie de "anjo-demônio", ou seja, quando ela aparece como um ser angelical, ela também terá uma parte demoníaca, reforçando a ideia do pecado. 

  Ora a mulher aparece em seus poemas como ideal, espiritualizada e platônica, ora de maneira erótica. Dessa forma, sua poesia é construída em torno de contradições e pares de opostos. Além disso, a mulher é retratada como fonte de prazer e sofrimento.

  Compara-se com os sonetos de Camões a atitude contemplativa e o amor elevado. Neste poema principalmente, a mulher é vista tanto de modo espiritualizado, quanto como objeto de desejo carnal. O tema central é o caráter contraditório dos sentimentos do poeta pela mulher, que é simultaneamente e objeto do desejo (flor),  anjo (metáfora da pureza) e símbolo da elevação espiritual.A consciência da finitude do tempo leva à necessidade de  prática imediata dos prazeres. As incertezas da vida levam o poeta a viver intensamente o presente.

  A lírica-amorosa de Gregório abrange muitos temas, entre eles a mais pura idealização do amor, a exploração da psicologia amorosa e frequentemente um realismo irônico.
Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em relação à vida, à religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos corporais, o poeta é dominado pela culpa e pela angústia do pecado.

  O soneto é marcado pelo aspecto Cultista, que se desenvolve pelo jogo de palavras:
 “Ângela” = “Angélica” = “Anjo”, “flor” = “florente”.

  A contradição ente o amar e o querer se apresenta nos versos finais:
“Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.”





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